quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Madre Mariana e Nossa Senhora do Bom Sucesso

Madre Mariana amiga e confidente de Nossa Senhora do Bom Sucesso

Madre Mariana de Jesus Torres, religiosa espanhola do século XVI, é somente serva de Deus e, talvez por isso, não se conhece muito sobre sua vida. Mas foi a essa mulher que Nossa Senhora do Bom Sucesso apareceu, revelando-lhe eventos extraordinários que abalariam a Igreja nos tempos modernos – mais especificamente, no período que foi do fim do século XIX a meados do século XX. Nessas aparições, a Virgem Santíssima não só prometeu especial proteção a quem, em nossos tempos, propagasse a devoção a Ela sob o título de Senhora do Bom Sucesso, como descreveu com abundantes detalhes uma série de acontecimentos futuros, com um fundo realmente terrível.

Antes de qualquer coisa, é importante lembrar o que diz o Magistério da Igreja sobre as chamadas "revelações particulares". São estas as palavras do Catecismo da Igreja Católica:

"No decurso dos séculos tem havido revelações ditas 'privadas', algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é 'aperfeiçoar' ou 'completar' a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja."[1]
O ensinamento da Igreja é bem claro: essas revelações privadas não precisam ser cridas pelo povo de Deus, já que "não pertencem ao depósito da fé". É algo que deve ser aceito com prudência, à medida que existam argumentos convincentes de sua veracidade: "o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo". No entanto, ainda que ninguém seja obrigado a dar crédito a nenhuma revelação privada, é preciso tomar cuidado com a mentalidade deísta presente na argumentação de muitos céticos. Como bem disse o Papa Bento XVI, "Deus não é uma hipótese remota, não é um desconhecido que se retirou depois do 'big-bang'"[2]. É preciso ter em mente que Deus, tendo criado o mundo, não o abandonou à própria sorte, mas a sua Providência governa o mundo também hoje e, após revelar seu rosto em Jesus Cristo, é perfeitamente possível que Ele intervenha de novo na história, ajudando aqueles que pelejam pela fé neste mundo a "vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história".

O conteúdo das mensagens de Nossa Senhora à Madre Mariana é realmente impressionante e pode ser consultado em uma compilação disponível na Internet para download[3].

Mas extraordinárias não foram apenas as revelações da Virgem Santíssima a essa serva de Deus, como também toda a sua vida. Tendo nascido para o Céu com 72 anos de vida terrestre, o seu corpo, durante todo o tempo em que foi velado, parecia apenas dormir: sua pele era flácida, seus membros eram flexíveis e seu rosto ainda estava rosado. Com efeito, alguns séculos depois, quando exumaram seu corpo, ele estava incorrupto. Sem dúvida, um atestado miraculoso de sua santidade.

E Deus não se contentou em confirmar a virtude apenas da vida de Madre Mariana. Mostrando a verdade de uma das aparições de Sua Mãe, na qual ela prometia jamais faltarem irmãs santas no convento de Quito, Cristo preservou incorruptos os corpos de inúmeras religiosas da mesma casa em que viveu Madre Mariana, dentre as quais cinco eram fundadoras do lugar.

Nascida Mariana Francisca, essa grande mulher foi uma alma eleita, desde o berço. Um episódio particular de sua infância aponta a incomum virtude que ela já demonstrava: um incêndio que atingiu a igreja próxima à sua casa impedia-a de adorar Jesus sacramentado e, por isso, ela "vê-se desolada e sofre a solidão de seu constante Amante"[4.] Pouco tempo dois, a menina recebe a primeira comunhão e, em uma visão mística, Jesus revela-lhe a sua vocação de religiosa.

Mariana tinha uma tia concepcionista[5]. O rei espanhol Filipe II recebe um pedido, da cidade de Quito, no Equador (à época, colônia da Espanha), para fundar, nesse lugar, um mosteiro da Ordem da Imaculada Conceição. Atendendo a esse pedido, o rei envia algumas religiosas ao lugar e é fundado, então, o Monastério de Concepcionistas de Quito. Junto com essas mulheres, está a pequena Mariana:

"Vítima dos incêndios de amor à Maria Santíssima no mistério de sua Imaculada Conceição, esta inocente criatura ao saber que se iria fundar na colônia o Mosteiro de sua Ordem, compreendeu ser essa a voz de seu Amado que a chamava dizendo: 'Deixe tua Pátria e a casa de teus pais, e o Rei dos Céus enamorar-se-á de tua beleza'."[6]
No trajeto, atravessando o Atlântico, a embarcação que levava as religiosas enfrentou uma tempestade. Porém, não se tratava de uma agitação qualquer, mas de um evento de índole verdadeiramente sobrenatural. Durante a tempestade, Mariana e sua tia viram no mar "uma serpente monstruosa de sete cabeças" que dizia: "Não permitirei a fundação; não permitirei que progrida; não permitirei que se conserve até o fim dos tempos e a todo momento a perseguirei"[7].

Tamanho evento, depois do qual a Santíssima Virgem "estraçalhou" a cabeça da serpente, pode até ser desacreditado, mas os milagres e as previsões que se seguiram a ele foram tão fantásticos que atestam a intervenção poderosa de Deus na fundação desse monastério. De fato, nesse convento de Quito, haveria uma fidelidade prometida pelo Senhor: ali, sempre existiria uma religiosa santa, e o mosteiro serviria como uma espécie de para-raios, a fim de conter os castigos divinos sobre a humanidade.

Em Quito, é fundado o mosteiro e Mariana, não tendo idade suficiente para a vida religiosa, limita-se a ajudar sua tia "nas fainas domésticas e na instalação dos locais de trabalho da Comunidade"[8]. Mas, tão logo ela cresce, entra no convento, faz seu noviciado e professa seus votos, vivendo uma vida cheia de visões, experiências místicas e penitências rigorosíssimas.

Logo nos primeiros anos de sua vida religiosa, com 19 anos de idade, Madre Mariana é visitada por Jesus sofredor, que lhe mostra os castigos que cairão sobre os homens do século XX. Então, ela:

"Viu três espadas sobre a cabeça do Santo Cristo, e que em cada uma dizia: castigarei a heresia, a blasfêmia e a impureza. (...) A Santíssima Virgem prosseguiu: 'Queres, minha filha, sacrificar-te por esse povo?' Ao que respondeu: 'Minha vontade está pronta'. E imediatamente as espadas se desprenderam do Santo Cristo, cravando-se no coração da Madre Mariana, a qual caiu morta pela violência da dor."[9]
Nesse instante, Mariana morre e apresenta-se diante de Deus. Ali, Jesus apresenta-lhe duas coroas – "uma de glória imortal, cuja formosura ela não podia exprimir e outra de açucenas cercadas de espinhos" – e pede-lhe que faça uma escolha. Ela, compreendendo o significado das duas coroas e aconselhada pela Virgem Santíssima, escolhe, "humilde e resignada, a coroa de açucenas coroada de espinhos e voltou ao mundo para sofrer"[10].

Pergunta-se por que essas pessoas escolhidas por Deus passam por tanto sofrimento. Em primeiro lugar, está a se falar de almas eleitas, escolhidas por Deus para, já nesta terra, amá-Lo de forma extraordinária. Ao mesmo tempo, porém, que o Senhor concedia a Madre Mariana essa vocação de oferecer-se como vítima, dava a ela a sua graça, para resistir fielmente. É certo que Mariana viveu um martírio extraordinário, mas a mensagem de sua vida está em perfeita sintonia com as aparições de Nossa Senhora de Fátima, nas quais era pedido aos três pastorinhos – Francisco, Jacinta e Lúcia – e a toda a humanidade um espírito de penitência, já que "muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e reze por elas". Madre Mariana é, de forma clamorosa, aquilo que foram os três pastorinhos de Fátima.

Perseguida por religiosas que não queriam viver nem o rigor da regra franciscana nem uma vida de verdadeira penitência, aprisionada injustamente por quatro vezes, Madre Mariana aceitava resignada todas as humilhações e sofrimentos, oferecendo-as pelas pessoas do século XX.

Em dado momento, revoltadas por não elegerem sua "capitã" como priora, um grupo de religiosas desobedientes amotinaram-se contra Madre Mariana e decidiram sair do monastério e ir à casa do bispo para que desse à sua líder o cargo de priora. Nesse momento, Nossa Senhora da Paz, a Patronita, opera um verdadeiro milagre:

"Quando as monjas revoltosas já começavam a romper o ferrolho para sair à igreja, vendo que não podiam abrir a porta e sentindo-se acuadas (...), ouviram um ruído que lhes causou medo. – Olharam para trás e viram a 'Patronita', que lhes virava as costas. Assustaram-se sobremaneira e detiveram-se em silêncio; a santa Imagem então lhes falou:

"'Infelizes, que fazeis? Ide, se quereis, em boa hora, mas não tereis para onde regressar, pois Eu volto para a Espanha com as Fundadoras e observantes. Tarde chorareis vossas loucuras e, para perpétua memória deste caso, ficarei assim voltada de costas para vós, para que sejais o escarmento de vossas menores'."

"E levantando a vista na direção da santa Imagem, todas viram-na pálida, cheia de luzes e com o rosto severo. Tentaram falar não se sabe o quê, mas todas caíram ao solo sem sentidos e cadavéricas."

(...)

"Elas caminhavam com dificuldade, e ao passar diante do rosto da santa Imagem, viram-na – o que também foi notado pelas observantes – com o rosto pálido e expressão severa; de seus olhos formosos se desprenderam três grandes lágrimas, que lentamente deslizaram pelas faces."[11]
Após aquela revolta, é revelado à Madre Mariana, em uma visão, que "essa pobre capitã não se salvaria, assim como muitas de suas sequazes. (...) A essas melhor teria sido ficar no mundo do que entrar na religião para levar uma vida de tanta dissipação e soltura". Então, tomada pelo amor a Deus e ao próximo, Madre Mariana roga a Jesus pela salvação das almas das irmãs inobservantes. Jesus assente-lhe, mas impõe-lhe um novo holocausto:

"Não é a vida, nem a saúde, nem o cárcere que quero de ti, minha amada Mariana, mas sim o sofrimento pelo período de cinco anos consecutivos das penas do Inferno que a alma desta tua pobre irmã teria sofrido por toda a eternidade. Marco-te cinco anos em memória das cinco mais notáveis chagas de minha humanidade dolorida, durante minha paixão. Vê porém, que durante este tempo eu Me ausentarei de tua vista material e não te darei o menor consolo, nem alívio para tuas dores, assim como a alma desta tua pobre irmã absolutamente não os teria tido no obscuro cárcere do Inferno."[12]
Olhando para essa experiência de Madre Mariana, é possível enxergar claramente aquilo que São João da Cruz definiu como a "noite escura do espírito".

Além disso, essa fiel serva de Deus passou por cinco anos realmente terríveis, pois, mesmo tendo se oferecido tão generosamente justo pela vida da "capitã" – que, depois, se converterá –, Mariana era constantemente maltratada por ela. Desse modo, essa santa religiosa imitava fielmente o seu divino Esposo, que amou a humanidade quando esta era sua inimiga, que veio padecer o inferno nesta terra – chegando a clamar: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"[13] –, a fim de que o homem não fosse condenado ao inferno.

Toda a narração da vida dessa bendita serva de Deus pode realmente impressionar-nos. – Mas, alguém pode dizer, o Cristianismo não é esse "dolorismo", essa coisa crucificada... somos a religião da ressurreição. – É verdade, somos a religião da ressurreição, mas, sobretudo, somos a religião do amor. E não é possível a criatura humana amar de forma perfeita sem que se purifique. Por isso o caminho espiritual começa pela via purgativa: é preciso que nos penitenciemos, que matemos o homem velho que existe em nós, mortificando a nossa carne manchada pelo pecado original.

Isso é muito importante para os iniciantes na vida espiritual. Ajuda-os a enxergar aquilo que o Papa Francisco observava no início de seu pontificado: que não é possível seguir Jesus Cristo sem a Cruz. "Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos"[14]. Assim como, no mundo civil, o governo quer fazer passar a chamada "lei da palmada", impedindo os pais de castigarem seus filhos, dentro da Igreja, tem vigorado uma espécie de "lei da palmada espiritual": os cristãos pararam de fazer penitência; esqueceram-se do que é aplicar uma disciplina, praticar um jejum, usar um cilício, dormir no chão etc. E, justamente porque fizeram cessar as mortificações, começaram a se tornar espiritualmente preguiçosos. Ora, o Concílio Vaticano II diz que "ainda que, na Igreja, nem todos sigam pelo mesmo caminho, todos são (...) chamados à santidade"[15]. O cristão não se pode descuidar dessa altíssima vocação!


O método de Deus para tirar a Igreja das múltiplas crises que ela enfrentou foi a santidade. Roguemos a Ele que nos envie os Seus santos. E que também nós queiramos – e sejamos – santos.
Fonte: Pe. Paulo Ricardo www.padrepauloricardo.org

Aparição de São Miguel Arcanjo no Monte Gargano (8 de maio)

Comemora-se no dia 8 de maio a aparição de São Miguel Arcanjo sobre o Monte Gargano (em Apúlia, Itália), e no dia 29 de setembro a consagração da Igreja no mesmo local. Vejamos a origem dessa bela festividade, contado por alguém da época: Vivia no século V na cidade de Siponto, ao pé do monte Gargano um pastor, que tinha coincidentemente o nome de Gargano. Era rico em rebanhos e pastagens. Um dia fugiu-lhe uma de suas reses, e indo o pastor a procurá-la, encontrou-a no alto do dito monte, à entrada de uma gruta. Sendo difícil prendê-la, por ser arisca, Gargano resolveu matá-la, para levar sua carne com o auxílio dos que o acompanhavam. Tomou do arco, fez pontaria e deferiu-lhes uma flecha. Esta, como se fosse agarrada no ar por uma mão invisível, voltou-se no espaço e veio ferir o próprio Gargano. Grande foi o espanto dos que o acompanhavam e presenciaram o ocorrido. Não sabendo explicar o acontecido e não ousando aproximar-se da gruta, correram à cidade a informar ao bispo do extraordinário evento. Ouviu-os o santo prelado, e não sabendo também ele a que atribuir tal fenômeno, ordenou aos seus diocesanos três dias de jejum com o fim de pedir a Deus discernimento para interpretar o ocorrido. No fim dos três dias, revelou-se o segredo de modo maravilhoso. Apareceu ao santo bispo o próprio São Miguel Arcanjo e fê-lo saber que o prodígio da montanha havia sido operado por ele próprio, para indicar que aquele lugar estava debaixo da sua especial proteção e que ali queria lhe fosse prestado culto especial, assim como a todas as hierarquias angélicas do céu. Depressa, por sua vez o bispo fez saber a seu povo da aparição que tivera e todos, bispo e povo, partiram para a montanha em demanda da já famosa gruta. Lá chegados, logo começaram a celebrar os ofícios divinos, pois a gruta, cavada na rocha, era espaçosa e prestava-se a acolher considerável número de pessoas. Com o tempo transformou-se aquela simples caverna em um celebérrimo santuário, local de frequentes e grandes milagres. Muitos Papas e Santos visitaram este santuário de São Miguel, que é o mais famoso em todo o mundo. No dia 24 de maio de 1987 o Papa João Paulo II lá esteve, e ali fez um importante pronunciamento, reafirmando a existência e a ação do Demônio, e também da importância da proteção de São Miguel contra as suas maldades. Esta alocução do Papa está transcrita mais a frente neste livro, no capítulo 9, onde estão as Catequeses do Papa sobre os anjos. Porque teria Deus escolhido este local para a devoção a São Miguel Arcanjo e aos Espíritos Celestes? Não sabemos. Mas sabemos que certamente Ele quis nos mostrar a importância da devoção ao grande Arcanjo São Miguel, para proteger a cada um de nós e a Igreja dos ataques do demônio. Prof. Felipe Aquino http://www.cleofas.com.br/

Beata Teresa de Calcutá (5 de setembro)

BEATA TERESA DE CALCUTÁ (5 DE SETEMBRO) "De sangue sou albanesa. De cidadania, Indiana. No referente à fé, sou uma freira Católica. Por minha vocação, pertenço ao mundo. No que se refere a meu coração, pertenço totalmente ao Coração de Jesus". De pequena estatura, firme como uma rocha em sua fé, a Madre Teresa de Calcutá foi confiada à missão de proclamar a sede de amor de Deus pela humanidade, especialmente pelos mais pobres entre os pobres. "Deus ama ainda ao mundo e envia a ti e a mim para que sejamos seu amor e sua compaixão pelos pobres". Foi uma alma cheia da luz de Cristo, inflamada de amor por Ele e ardendo com um único desejo: "saciar sua sede de amor e de almas". Esta mensageira luminosa do amor de Deus nasceu em 26 de agosto de 1910 em Skopje, uma cidade situada no eixo da história dos Bálcãs. Era a mais nova dos filhos de Nikola e Drane Bojaxhiu. Recebeu no batismo o nome da Gonxha Agnes, fez sua Primeira Comunhão à idade de cinco anos e meio e recebeu a Confirmação em novembro de 1916. Desde o dia de sua Primeira Comunhão, levava em seu interior o amor pelas almas. A repentina morte de seu pai, quando Gonxha tinha oito anos de idade, deixou a família em uma grande dificuldade financeira. Drane criou seus filhos com firmeza e amor, atuando grandemente no caráter e a vocação de sua filha. Em sua formação religiosa, Gonxha foi assistida pela vibrante Paróquia Jesuíta do Sagrado Coração, em que ela estava muito integrada. Quando tinha dezoito anos, animada pelo desejo de tornar-se missionária, Gonxha deixou sua casa em setembro de 1928 para ingressar no Instituto da Bem-aventurada Virgem Maria, conhecido como Irmãs do Loreto, na Irlanda. Ali recebeu o nome de Irmã Maria Teresa (pela Santa Teresa do Lisieux). No mês de dezembro iniciou sua viagem para a Índia, chegando a Calcutá em 6 de janeiro de 1929. depois de professar seus primeiros votos em maio de 1931, a Irmã Teresa foi destinada à comunidade do Loreto Entally em Calcutá, onde ensinou na Escola para meninas St. Mary. Em 24 de maio de 1937, a Irmã Teresa fez sua profissão perpétua convertendo-se então, como ela mesma disse, em "esposa de Jesus para toda a eternidade". Desde esse momento foi chamada de MadreTeresa. Continuou a ensinar no St. Mary tornando-se diretora do centro em 1944. Ao ser uma pessoa de profunda oração e de enraizado amor por suas irmãs religiosas e por seus estudantes, os vinte anos em que Madre Teresa passou no Loreto estiveram impregnados de profunda alegria. Caracterizada por sua caridade, altruísmo e coragem, por sua capacidade para o trabalho duro e por um talento natural de organizadora, viveu sua consagração ao Jesus entre suas companheiras com fidelidade e alegria. Em 10 de setembro de 1946, durante uma viagem de Calcutá a Darjeeling para realizar seu retiro anual, Madre Teresa recebeu seu "inspiração", seu "chamado dentro do chamado". Nesse dia, de uma maneira que nunca explicaria, a sede de amor e de almas se apoderou de seu coração e o desejo de saciar a sede do Jesus se converteu na força motriz de toda sua vida. Durante as sucessivas semanas e meses, mediante locuções interiores e visões, Jesus lhe revelou o desejo de seu coração de encontrar "vítimas de amor" que "irradiassem às almas seu amor". "Vem e sejas minha luz", Jesus lhe suplicou. "Não posso ir sozinho". Revelou-lhe sua dor pelo esquecimento dos pobres, sua pena pela ignorância que tinham e o desejo de ser amado por eles. Pediu à Madre Teresa que fundasse uma congregação religiosa, Missionárias da Caridade, dedicadas ao serviço dos mais pobres entre os pobres. Passaram quase dois anos de provas e discernimento antes de que Madre Teresa recebesse a permissão para começar. Em 17 de agosto de 1948 se vestiu pela primeira vez com o sari branco com borda azul e atravessou as portas de seu amado convento do Loreto para entrar no mundo dos pobres. Depois de um breve curso com as Irmãs Médicas Missionárias em Patna, Madre Teresa voltou para Calcutá, onde encontrou alojamento temporário com as Irmanzinhas dos Pobres. Em 21 de dezembro vai pela primeira vez aos bairros pobres. Visitou as famílias, lavou as feridas de algumas crianãs, ocupou-se de um idoso doente que estava estendido na rua e cuidou de uma mulher que estava morrendo de fome e de tuberculose. Começava cada dia entrando em comunhão com o Jesus na Eucaristia e saía de casa, com o rosário na mão, para encontrar e servir a Jesus "nos não desejados, os não amados, aqueles dos quais ninguém se ocupava". depois de alguns meses começaram a unir-se a ela, uma a uma, suas antigas alunas. Em 7 de outubro de 1950 foi estabelecida oficialmente na Arquidiocese de Calcutá a nova congregação das Missionárias da Caridade. Ao início dos anos sessenta, Madre Teresa começou a enviar a suas Irmãs a outras partes da Índia. O Decreto de Louvor, concedido pelo Papa Paulo VI a Congregação em fevereiro de 1965, animou a Madre Teresa a abrir uma casa na Venezuela. Esta foi seguida rapidamente pelas fundações de Roma, Tanzânia e, sucessivamente, em todos os continentes. Começando em 1980 e continuando durante a década de noventa, Madre Teresa abriu casas em quase todos os países comunistas, incluindo a antiga União Soviética, Albânia e Cuba. Para responder melhor às necessidades físicas e espirituais dos pobres, Madre Teresa fundou os Irmãos Missionários da Caridade em 1963, em 1976 o ramo comtemplativo das Irmãs, em 1979 os Irmãos Comtemplativos e em 1984 os Padres Missionários da Caridade. Entretanto, sua inspiração não se limitou somente a aqueles que sentiam a vocação à vida religiosa. Criou os Colaboradores de Madre Teresa e os Colaboradores Doentes e Sofredores, pessoas de distintas crenças e nacionalidades com os quais compartilhou seu espírito de oração, simplicidade, sacrifício e seu apostolado apoiado em humildes obra de amor. Este espírito inspirou posteriormente aos Missionários da Caridade Leigos. Em resposta às petições de muitos sacerdotes, Madre Teresa iniciou também em 1981 o Movimento Sacerdotal Corpus Christi como um "pequeno caminho de santidade" para aqueles sacerdotes que desejassem compartilhar seu carisma e espírito. Durante estes anos de rápido desenvolvimento, o mundo começou a fixar-se em Madre Teresa e na obra que ela tinha iniciado. Numerosos prêmios, começando pelo Prêmio Índio Padmashri em 1962 e de modo muito mais notório o Prêmio Nobel da Paz em 1979, fizeram honra a sua obra. Ao mesmo tempo, os meios de comunicação começaram a seguir suas atividades com um interesse cada vez maior. Ela recebeu, tanto os prêmios como a crescente atenção "para glória de Deus e em nome dos pobres". Toda a vida e o trabalho de Madre Teresa foi um testemunho da alegria de amar, da grandeza e da dignidade de cada pessoa humana, do valor das coisas pequenas feitas com fidelidade e amor, e do valor incomparável da amizade com Deus. Mas, existia outro lado heróico desta mulher que veio à luz só depois de sua morte. Oculta a todas os olhares, oculta inclusive aos mais próximos a ela, sua vida interior esteve marcada pela experiência de um profundo, doloroso e constante sentimento de separação de Deus, inclusive de sentir-se rejeitada por Ele, unido a um desejo cada vez maior de seu amor. Ela mesma chamou "escuridão" a sua experiência interior. A"dolorosa noite" de sua alma, que começou mais ou menos quando deu início a seu trabalho com os pobres e continuou até o final de sua vida, conduziu Madre Teresa a união com Deus cada vez mais profunda. Através da escuridão, ela participou da sede de Jesus (o doloroso e ardente desejo de amor de Jesus) e compartilhou a desolação interior dos pobres. Durante os últimos anos de sua vida, apesar dos problemas de saúde cada vez mais graves, Madre Teresa continuou dirigindo seu Instituto e respondendo às necessidades dos pobres e da Igreja. Em 1997 as Irmãs de Madre Teresa contavam quase com 4.000 membros e se estabeleceram em 610 fundações em 123 países do mundo. Em março de 1997, Madre Teresa abençoou a sua recém eleita sucessora como Superiora Geral das Missionárias da Caridade, levando a cabo sucessivamente uma nova viagem ao estrangeiro. Depois de encontrar-se pela última vez com o Papa João Paulo II, voltou para Calcutá onde transcorreu as últimas semanas de sua vida recebendo às pessoas que iam a visitá-la e instruindo a suas Irmãs. Em 5 de setembro, a vida terrena de Madre Teresa chegou a seu fim. O Governo da Índia lhe concedeu a honra de celebrar um funeral de estado e seu corpo foi enterrado na Casa Mãe das Missionárias da Caridade. Sua tumba se converteu rapidamente em um lugar de peregrinação e oração para gente de fé e de extração social diversa (ricos e pobres indistintamente). Madre Teresa nos deixou o exemplo de uma fé sólida, de uma esperança invencível e de uma caridade extraordinária. Sua resposta ao chamado de Jesus, "Vem e sê minha luz" fez dela uma Missionária da Caridade, uma "mãe para os pobres", um símbolo de compaixão para o mundo e uma testemunha vivente da sede de amor de Deus. Menos de dois anos depois de sua morte, por causa da estendida fama de santidade de Madre Teresa e dos favores que lhe atribuíam, o Papa João Paulo II permitiu a abertura de sua Causa de Canonização. Em 20 de dezembro de 2002 o próprio Papa aprovou os decretos sobre o heroísmo das virtudes e sobre o milagre obtido por intercessão de Madre Teresa. Fonte: http://www.acidigital.com