SANTA MIRIAM DE JESUS CRUCIFICADO (canonizada em 17/5/2015)
A “pequena árabe” Miriam de Jesus Crucificado foi agraciada por numerosos fenômenos místicos, humanamente inexplicáveis, mas bem documentados.
Jorge Baouardy e Maria Chayin, seus pais, após terem 12 filhos homens que morreram ainda bebês, peregrinaram a Belém para pedir a Nossa Senhora uma menina, prometendo dar-lhe, em gratidão o nome de Maria (Mariam, ou Miriam). Voltaram a pé, caminhando outros 170 km até Abellin, onde no dia 5 de janeiro de 1846 nasceu MIRIAM, na Galiléia, Israel.
Depois nasceu ainda outro filho, o Paulo.
Ainda pequenina, Miriam, ganhou uns passarinhos e após banhá-los, acabaram morrendo. Ela então, foi enterrá-los e ouviu uma voz: “TUDO PASSA! SE ME DERES TEU CORAÇÃO, FICAREI SEMPRE CONTIGO.”
Quando Miriam tinha apenas 3 anos seu pai adoeceu gravemente e sentindo chegar o fim de sua vida, diante de um quadro de São José, orou: "Grande santo, aqui está a minha filha. Nossa Senhora é sua Mãe, olhe também por ela, sirva-lhe de pai, você que cuidou tão bem do Menino Jesus."
Em seguida olhou para o quadro de Nossa Senhora e falou com fervor espiritual: "Querida Senhora e Mãe Maria, já que a Senhora nos ouviu em Belém e nos deu esta filhinha, com o mesmo nome da Senhora, quero consagrá-la inteiramente ao seu maternal Coração". Alguns dias depois faleceu. Logo depois faleceu também a mãe e o tio paterno de Miriam a adotou. Paulo, com apenas 1 ano foi adotado pela tia materna e Miriam nunca mais o viu.
Com cinco anos já jejuava todos os sábados em honra a Nossa Senhora. Desde os 7 anos a cada sábado se confessava e suplicava que o padre a deixasse comungar, embora não tivesse a idade exigida. Meses depois o sacerdote o permite. Ela, então, radiante de felicidade comunga o corpo e o sangue de Cristo e vê Jesus entregando-se a ela sob a aparência de um lindíssimo menino.
Chegando aos 13 anos, conforme costume daqueles tempos no oriente, os pais decidiam o casamento dos filhos com autoridade radical.
Miriam recebe a notícia que foi prometida em casamento ao irmão de sua tia. Quando ela recebe a data do casamento fica apavorada. De seu coração sobe a voz ouvida outrora no jardim de Abellin: “TUDO PASSA! SE ME DERES TEU CORAÇÃO, FICAREI SEMPRE CONTIGO.” Miriam passa a noite em oração diante da imagem da Virgem Santíssima. Ao cochilar, escuta um murmúrio: “MIRIAM, EU ESTOU CONTIGO; faze o que EU TE INSPIRAR, EU TE AJUDAREI”. Sem hesitar, ela corta suas longas tranças de cabelos e os mistura com as jóias recebidas do noivo e dos parentes.
O tio a esbofeteou e a chicoteou e como castigo colocou-a na cozinha, tendo que obedecer às escravas. Entretanto no coração de Miriam havia alegria, chegando a dizer mais tarde aludindo a este fato: "um passarinho parecia cantar dentro do meu peito"
Na noite de sete para oito de setembro de 1858, diante de um muçulmano que queria fazê-la maometana, professa em alta voz: “Eu, muçulmana? Jamais! Sou filha da Igreja Católica, apostólica e romana e espero, com a graça de Deus, perseverar até à morte na minha religião, a única verdadeira”.
Com um golpe de cimitarra, o islamita cortou-lhe o pescoço, e jogou seu corpo numa ruela deserta.
Miriam revelou que morreu realmente e viu o trono da Santíssima Trindade, Cristo em sua humanidade, Nossa Senhora, São José, anjos e santos e seus pais. Então alguém disse-lhe: você é virgem, sim, mas o seu livro não está acabado. Desfeita a visão, encontra-se dentro duma caverna com uma freira de azul, que lhe sorria e lhe conta como a trouxe da ruela e costurou seu pescoço. Seu sorriso era cativante e seu hábito e véu de cor azul celeste. Miriam sentiu um bem estar tão grande, que esqueceu todos os maus tratos recebidos.
A freira cuidou dela como verdadeira mãe, durante quatro semanas, dentro da caverna e ela sarou. Depois Miriam percebeu que a religiosa era Nossa Senhora.
Mais tarde, já como religiosa, quando os médicos examinaram sua traquéia vazia em certos anéis do pescoço, não compreenderam como pudesse estar viva e como pudesse ainda falar, faltando dentro da garganta algumas partes essenciais.
Em Marselha, um médico ateu confessou, ao examinar seu pescoço cicatrizado: "É impossível viver neste estado e ainda ter voz." E concluiu: "Deve existir Deus."
Após sua cura, Miriam começa a trabalhar como empregada doméstica. Durante uma comunhão, é levada em êxtase ao Céu, ao inferno e ao purgatório e recebe a ordem de jejuar a pão e água durante um ano, em expiação aos pecados de gula praticados no mundo e de se vestir pobremente para expiar as faltas de pudor e excessos de luxo.
Algumas vezes era seguida por um senhor com uma criança no colo que lhe disse sorrindo: “Sei que entrará no convento. Vou acompanhar até chegar lá.” Miriam não teve dúvida de que era São José.
Torna-se carmelita, assumindo o nome de irmã Miriam de Jesus Crucificado. Assim como santa Clara, vê acontecimentos à distância. De dentro do Carmelo vê o fuzilamento dos reféns da comuna em Paris, via Pio IX, viu o conclave que elegeu Leão XIII... . Possuía também o fenômeno da bilocação.
Em agosto de 1866, rezando na capela, viu no sacrário Jesus com as cinco chagas e a coroa de espinhos. Ouviu Jesus dizer à sua Mãe prostrada diante dele: “Como ofendem o meu Pai”. Miriam então, coloca a mão na chaga do lado e diz: “Meu Deus, por favor, passai para mim esse sofrimento, mas tende piedade dos pecadores.” Miriam começa a apresentar também os sinais dos estigmas.
Miriam previu ainda que Jesus permitiria que durante 40 dias satanás a atormentasse e tivesse poder sobre seu corpo mas sua alma ficaria resguardada. Entrou nela uma legião de demônios. Queriam arrancar-lhe o grito: “Senhor, chega de sofrer!” Eles a torturam tentando arrancar-lhe a palavra “estou sofrendo”, porém, Miriam, longe de reclamar, diz: “Ofereço o meu sofrimento a Jesus e estou disposta a suportar o que ele quiser, com prazer e amor. Sede louvado, meu Deus!”. Terríveis contorsões a levantam e a tornam rígida e diz: “Só poderei dizer que amo Jesus, mesmo que o meu corpo seja trucidado, moído como farinha. Foi Deus quem nos deu o corpo, sacrifiquemo-lo por ele”. Preferia antes morrer nas garras do demônio a que se afastar de Cristo.
40 dias depois da primeira possessão diabólica o seu rosto desfigurado pelos sofrimentos repentinamente se transfigura num semblante radiante e angelical, Miriam é então agraciada por 4 dias de possessão angélica. As freiras queriam ficar ao lado da irmã, mas o anjo através dela diz: “Cordeirinhos, Nossa Senhora conhece o seu desejo de ficar junto do pequeno nada, mas ela quer que cada qual vá cuidar de seus afazeres; ela ficará com vocês. Poderão voltar à hora do recreio, uma vez que a regra o permite.” Perguntado quem era o anjo disse: “Sou um dos que sobem e descem”, “sou o anjo de Maria”.
Exclamações de santa Miriam:
- Durante êxtase: “Deus instala sua morada na alma simples e humilde. Entre Jesus e o orgulhoso está um bloco de rocha. Entre Jesus e a alma humilde apenas existe uma cortina transparente. A alma humilde já está no céu e se alegra do mesmo modo como na terra e no céu. O humilde é mais agradável a Jesus e consolador, do que a chuva prolongada em uma terra ressequida.”
- Em êxtase exclamou triunfalmente: "Como é linda a família do céu. Lá tenho o Pai do Céu, nosso Irmão Jesus, o Espírito Santo, amor pessoal do Pai e do Filho, minha Mãe, meu papai José, todos à minha espera. O padrinho profeta Elias está acenando. A querida Teresa de Jesus já está me chamando. Como é celestial viver o espírito de família na terra, que é o ensaio da vida familiar no céu. Somos imagens de Deus família. É o único instinto de cada criatura humana".
- “Se me querem encontrar depois da morte ...comunguem.”
De fato, a comunhão com Jesus realiza a comunhão dos santos.
Na hora da morte, dia 26 de agosto de 1878, sugeriram-lhe a invocação: meu Jesus, misericórdia! Ela disse: ”Oh, sim, misericórdia!” Fizeram-lhe beijar o crucifixo, deram-lhe a última absolvição e ela entregou sua alma ao Criador, com um sorriso celestial.
Ainda após a morte outro sinal extraordinário que confirmou o nome que ela assumiu: seus braços se abriram em forma de cruz! Foi preciso a prioresa dar ordens em nome da obediência para que pudessem colocar a tampa do caixão. Obedeceu até depois de morta.
Bibliografia: “Mariam a carismática” – Pe. Amedee Brunot, Ed. Loyola; “O Nadinha da Pequena Arabe”- Pe. Afonso de Santa Cruz
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